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RODRIGUES, Núbia


RODRIGUES, Núbia - Núbia Rodrigues Oliveira – (*11/11/1984, Vilhena, RO) - Escritora e jornalista, pertence à Academia Vilhenense de Letras (AVL), desde 2005. Cursou Letras e Comunicação social e publicou Morte Secreta (poemas), 2007. Único livro publicado, Morte Secreta, compõe-se de 61 textos com visão insipiente e idealista do fazer literário. Diz, em “Nota preliminar”, que a “poesia é imaterial e transcendental porque é fruto do espírito” e a literatura algo que “acontece quando o homem consegue manusear a língua de forma a fazê-la atingir o seu máximo, o seu êxtase”. Mesmo assim, é a voz mais expressiva entre os autores da Academia onde ocupa a cadeira de número quatro. Seus poemas vão desde meras notas e lembranças leitura às cercanias da relação intertextual. Estão presentes, como fios que conduzem a voz lírica, certos laivos de um Augusto dos Anjos e algo da atmosfera melancólica, subjetiva e sombria de um Álvares de Azevedo, de onde parece vir também não a temática, mas o tratamento dado ao tema da morte, com uma diferença de que, se no poeta romântico a pulsão da morte parece ser a única maneira de libertação, na poeta rondoniense, reduz-se, não sem dor, à atmosfera do inevitável e desconhecido./O que mais chama a atenção é o “Prefácio”, pela forma destoante como se insere na obra. Um prefácio deve funcionar como uma trilha sonora em um filme: tão melhor, quanto menos chama a atenção a ponto de ser imperceptível, como defende o músico André Abujamra. O prefaciador é aquele que eleva o poeta ao palco ao mesmo tempo em que se oculta atrás da cortina. Existe para não ser lembrado, pois sua função é encurtar caminho e estender uma ponte segura entre o livro e o público. O prefaciador, no entanto, chama a atenção para si, diz-se satisfeito e ao mesmo tempo em dificuldade, com relação à tarefa assumida, que qualifica como “difícil a empreitada”; “não por falta de qualidade da obra, mas ... pelo excesso dela”. Ora, se a tarefa é difícil e se a obra tem excesso de qualidade, a dificuldade só poderia derivar da insuficiência literária e teórica do prefaciador. Primeiro pelo tom bajulatório, depois por considerar a possibilidade de haver excesso de qualidade no universo das artes. Se há excesso, deveria dizer qual o limite aceito segundo a sua retórica quantitativa, para que os artistas não mais ultrapassem a linha de chegada e mesmo assim ascendam à categoria da arte. Ou seria ao olimpo?/A tarefa de prefaciar parece-lhe difícil, mas não é só isso: desculpa-se dizendo que “um simples e humilde trabalho de prefaciar ... não poderia abarcar todos os aspectos realizados” pela autora. Tanto acredita nisso, que compara-a a Drummond e Baudelaire, atribuindo à obra não apenas a responsabilidade, mas “a certeza e a esperança” da literatura universal. Enfim, uma obra que livraria a literatura da extinção “como preconizavam alguns profetas finiseculares”. “Uma obra de renovação para a literatura e tudo que ela representa”, diz o prefaciador, pois julga a obra prefaciada capaz de anunciar que “ainda não chegou o momento da morte das letras”./Se a obra tem defeitos, nenhum deles supera o prefácio. Ainda assim deve a autora observar as referências sentimentais “que se prevalecem do equívoco”, “tentam a longa viagem”, mas se dissipam em função emotiva, como diria Drummond. O mesmo vale para a quase intertextualidade dissolvida em referências, impressões e recordações de leitura; e imagens transpostas à carbono. Mesmo assim, quem escreve poemas como “Infância” “Segredos” e “Ele não apareceu de repente” merece atenção.